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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Vodafone Rally de Portugal 2009


Realizou-se nos dias 2, 3, 4 e 5 de Abril o Vodafone Rally de Portugal 2009. Esta prova de desporto automóvel, cuja organização ficou a cargo do Automóvel Clube de Portugal (ACP) com o apoio de enumeras entidades e empresas, realizou este ano a sua 43ª edição.
Caracterizada pelas suas condições climatéricas bastante agradáveis, foi com temperaturas a situarem-se perto dos 20 graus e com dias em que o sol marcava presença que a região do Algarve e do Baixo Alentejo recebeu a 4ª prova do mundial de rallys (WRC – World Rally Championship) 2009. Repetindo-se o que se tem passado nos últimos anos, foi no complexo do Parque das Cidades (situado a meio caminho entre a cidade de Faro e Loulé) que o comando geral da prova foi instalado, fazendo com que toda a comitiva gozasse das excelentes condições que o estádio Algarve e área envolvente têm para oferecer.
A pontuar para 4 campeonatos (nos quais se incluem 2 troféus), a prova Portuguesa registou desde logo um número bastante elevado de participantes, verificando-se um total de 75 inscrições, número record numa prova do WRC deste ano (até á data). Assim, ainda o evento não se iniciava, já a prova nacional se evidenciava no panorama do mundial de rallys pelas melhores perspectivas. Destaque para a estreia mundial do Pirelli Star Driver, uma competição em que todos os participantes usam o mesmo tipo de automóvel (Mitsubishi Lancer Evolution X), aumentando-se assim a competitividade entre os jovens pilotos que disputam o troféu. De salientar que este troféu percorre as mesmas provas que o campeonato mundial de rallys para carros de produção (PWRC).
Com início na manhã do dia 2 de Abril, a prova começou com o troço da shakedown. Com 5,03Km de extensão e localização na zona do Vale Judeu (em Loulé), este seria o troço em que os pilotos (e respectivas equipas) poderiam testar diferentes afinações nos seus carros, tendo como principal objectivo a escolha do set-up ideal para realizar as classificativas. De referir que, embora tenha sido cronometrado, este troço não definia qualquer tipo de classificação.
A shakedown ficaria marcada pelo acidente que o piloto Português Bernardo Sousa (Fiat Abarth Grande Punto S2000) protagonizou. Ao não conseguir efectuar uma ligeira curva para a direita, o carro que o piloto conduzia embateu num morro e capotou de seguida não havendo porém danos de maior no piloto e no seu navegador. Relativamente ao Fiat, este não ficou em condições de continuar a realizar o rally, acabando desde logo com a participação na prova que, para Bernardo Sousa, iria ser pontuável para o PWRC.
Este troço seria o primeiro contacto entre os espectadores e os pilotos visto que era permitida a presença de público para assistir á passagem dos carros. A cuidada colocação das pessoas nas Z. E. (zonas espectáculo) seria um bom presságio para o resto do evento denotando-se desde logo respeito pelas regras de segurança impostas pela direcção da prova.
Com início marcado para as 16h50m do mesmo dia, realizava-se a primeira classificava do rally (SS1 – correspondendo o 1º S a special e o 2º S a stage). Com cerca de 2 km, foi construída no estádio Algarve (e ao redor deste) uma pista que recebia dois carros ao mesmo tempo, designado-se assim de etapa super especial. Este troço podia-se considerar um troço espectáculo visto que as suas características não correspondiam ás das restantes classificativas: além de ser constituído por alcatrão (os restantes troços eram compostos de gravilha), possuía uma curta extensão, privilegiando assim o espectáculo visual dado pelos pilotos.
Á hora prevista deu entrada no estádio Algarve para iniciar o Vodafone Rally de Portugal 2009 os carros 00 (Volvo S60 T5 AWD) e 0 (Subaru Impreza WRX STi 2006). Estes eram dois dos três safety car, carros responsáveis por abrirem as classificativas, ou seja, verificavam se os espectadores se encontravam em zonas seguras e avisavam estes mesmos de que os participantes da prova estavam prestes a passar.
Apesar do animado duelo entre Mikko Hirvonen (Ford Focus RS WRC 2009) e Sébastien Loeb (Citröen C4 WRC 2009), foi Henning Solberg (Ford Focus RS WRC 2008) quem efectuou o melhor tempo nesta primeira classificativa, fazendo assim com que ficasse em primeiro lugar na classificação geral no final do primeiro dia. Após a realização da super especial, os carros recolhiam para o parque fechado a fim de se manterem inalterados até ao dia seguinte.
Porém, a animação no estádio Algarve começou antes da hora do começo do rally com um conjunto variado de eventos, destacando-se o torneio de automóveis clássicos que consagrou o Ford Escort nº 10 (Joaquim Santos) como vencedor. Também foi ponto alto a aparição de Álvaro Parente com o seu carro de A1GP sendo este piloto o único representante Português na taça das Nações desta modalidade. Nota também para a presença do público no estádio Algarve que, embora em número mais reduzido do que previsto, fez-se evidenciar no apoio aos pilotos.
A prova prosseguiu no dia seguinte (3 de Abril) com a passagem dos concorrentes a ser feita nas estradas do Baixo Alentejo e Alto Algarve. O segundo dia de prova era constituído por três troços de passagem dupla (uma primeira passagem na manhã e uma segunda passagem á tarde): Ourique (23,42 km), Silves (21,54 km) e Malhão (22,04 km). Antes de partirem rumo ás classificativas da manhã, os pilotos dispunham de 15 minutos de parque de assistência.
Ás 10h20m o primeiro carro entrava na especial de Ourique I (correspondendo I á primeira passagem) (SS2), carro esse que era o de Sébastien Loeb. Visto ser o primeiro em prova, o C4 WRC fazia-se circular sobre uma camada de gravilha mais solta, podendo-se assim referir que ao piloto cabia a tarefa de “limpar” as classificativas ao remover esse trilho composto de pedras mais soltas. Tendo em conta essa situação, esta primeira especial do dia não corria de feição ao piloto Francês (uma constante ao longo do período matinal). Ainda para mais, no início da mesma, ao chegar com demasiada velocidade a um cruzamento á esquerda, não conseguiu evitar que o C4 deslizasse em frente. O piloto rapidamente conseguiu colocar o carro no trilho correcto mas ao efectuar esta manobra também levantou uma enorme quantidade de pó (ajudando para essa situação o facto das classificativas se encontrarem extremamente secas) perdendo com este pequeno erro aproximadamente 17seg.
Assim foi o piloto Jari-Matti Latvala (Ford Focus RS WRC 2009) quem efectuou o melhor tempo nesta classificativa, passando este a assumir a liderança da prova. Relativamente aos pilotos Portugueses, Bruno Magalhães (Peugeot 207 S2000) era quem se encontrava na melhor posição, ocupando o 15º lugar na geral (1º no PWRC). Destaque também para a desistência de Patrik Sandell (Skoda Fabia S2000) que, após uma ligeira curva para a esquerda em lomba, não evitou que o seu carro capotasse. Deste modo um dos principais favoritos á vitória na classe de produção desistia, deixando melhores hipóteses de vitória para o Português Armindo Araújo (Mitsubishi Lancer Evolution IX), o seu mais directo adversário.
Na classificativa seguinte, Silves I (SS3), repetiu-se um pouco o que se passou na primeira classificativa, isto é, Loeb voltou a encontrar dificuldades em estabelecer um bom tempo (desta vez sem saídas) e Latvala voltou a registar o tempo mais rápido, como forma de demonstrar que estava decidido a lutar pelo lugar mais alto da classificação. Relativamente ao PWRC, Bruno Magalhães continuava a ser o melhor Português, mas nesta classificativa perdeu o 1º lugar na classe para o piloto Nasser Al-Attiyah (Subaru Impreza WRX STi N15).
Em Malhão I (SS4) viria-se a assistir á desistência de Jari-Matti Latvala: ao chegar demasiado depressa a uma (ligeira) direita em lomba, o carro do piloto Filandês embateu num morro não conseguindo efectuar a curva á esquerda que se seguia. Deste modo o Focus WRC passou por cima do rail de protecção e acabou por capotar em cerca de 150m de encosta. Apesar do aparatoso despiste (capotou cerca de 17 vezes), o piloto e o seu navegador conseguiram sair ilesos do acidente, mas não escondendo a frustração de não conseguirem acabar a prova Portuguesa que tão bem lhes corria.
Quem mais beneficiou desta situação foi o piloto Espanhol Dani Sordo (Citröen C4 WRC 2009) que, fruto de um andamento melhor que o seu colega de equipa ao longo da manhã, conseguiu assumir o 1º lugar, apesar de ser Loeb quem registou o melhor tempo nesta última classificativa. Destaque também para Marcus Grönholm (Subaru Impreza WRC 2008) que se encontrava no 2º lugar da geral, seguido de Mikko Hirvonen.
Relativamente aos Portugueses, Armindo Araújo era quem se encontrava melhor classificado ao ocupar a 4ª posição no PWRC (17ª da geral), isto depois de Bruno Magalhães desistir da prova devido a problemas de motor. O PWRC continuava a ser liderado por Nasser Al-Attiyah.
Após a primeira passagem nos três troços do dia, os pilotos regressavam ao complexo do Parque das Cidades para usufruírem dos 30 minutos de parque de assistência que dispunham. Neste tempo, factores como a altura do carro ao solo (entre outros) teriam de ser tomados em conta, isto porque havia já um trilho bem definido das trajectórias aquando das passagens na manhã.
Ás 15h00m era novamente Sébastien Loeb quem iniciava a classificativa de Ourique II (correspondendo II á segunda passagem) (SS5). Visto que o troço já se encontrava sem a camada de gravilha solta que possuía na parte da manhã, Loeb pôde melhorar o seu tempo, mas não o fez o suficientemente rápido para evitar que Mikko Hirvonen efectuasse o melhor tempo nesta classificativa, passando o piloto Finlandês a ocupar a 1ª posição na geral. No PWRC continuava a liderança de Nasser Al-Attiyah mas com Armindo Araújo a ocupar o 2º lugar, continuando a ser o melhor Português em prova (15º na geral).
Em Silves II (SS6) foi Dani Sordo quem registou o melhor tempo, seguido de Mikko Hirvonen que assim conseguia manter-se na liderança da prova. Marcus Grönholm continuava no 2º lugar da geral demonstrando que, apesar de já ter abandonado a carreira a nível de participação no mundial de rallys, ainda mantinha a atitude e o saber de quem foi duas vezes campeão. Armindo Araújo ascendia ao 1º lugar do PWRC, após a saída de estrada de Nasser, continuando assim como o Português melhor classificado (15º da geral).
Malhão II (SS7) era o troço que se seguia. Por ser a última classificativa do dia, os pilotos tinham que ter em conta a ordem de partida para o dia seguinte. Deste modo assistia-se a um “jogo táctico”, quer da Citröen quer da Ford, para ver quem conseguiria manter a posição dos seus pilotos na classificação geral. Assim, apesar de Loeb fazer o tempo mais rápido nesta classificativa, era Mikko Hirvonen quem liderava a prova (com 15 segundos de vantagem sobre Sordo), fazendo com que o piloto Finlandês fosse o primeiro a iniciar os troços do 3º dia. Isto poderia constituir uma grande desvantagem pois o primeiro piloto na estrada tem que a “limpar”, tarefa complicada tal como se assistiu no período matinal deste dia.
Relativamente aos Portugueses, Armindo Araújo continuava na 1ª posição do PWRC, sendo o 13º na geral. Assim pode-se referir que este 2º dia correu muito bem ao piloto visto os seus principais adversários estarem fora da liderança do campeonato para o qual pontuam.
Nota para o JWRC (campeonato mundial de rallys para pilotos juniores) liderado ao fim do 2º dia de prova pelo piloto Polaco Michal Kosciuszko (Suzuki Swift S1600).
Depois de realizada a última classificativa do dia, os pilotos voltavam ao Parque das Cidades onde dispunham de 45 minutos de assistência. Depois desse tempo, os carros regressavam ao parque fechado de modo a ficarem inalterados até ao próximo dia.
No dia 4 de Abril realizava-se o 3º dia de prova. Eram novamente 3 os troços (de dupla passagem) que formavam este dia: Santa-Clara (22,61 km), Almodôvar (27,18 km) e Vascão (22,8 km). Mais uma vez, antes de saírem para realizar as primeiras passagem dos troços, os pilotos dispunham novamente de 15 minutos de parque de assistência.
A classificativa de Santa-Clara I (SS8) era realizada ás 09h55m. Primeiro na prova, era Mikko Hirvonen quem tinha que “limpar” a estrada. Surpreendentemente o piloto Finlandês até conseguiu registar o segundo melhor tempo, atrás de S. Loeb que partia em 3º, pudendo-se considerar uma posição de partida “óptima” do Francês pois permitia usufruir da “limpeza” feita pelos primeiros carros e sem o desgaste (excessivo) do troço feito pelos outros pilotos que circulavam á sua frente (apenas dois). Hirvonen mantinha-se assim na liderança da prova.
Este troço inaugural do 3º dia ficava marcado com a desistência de Marcus Grönholm. Numa parte rápida da classificativa, o piloto Finlandês corrigiu em demasia a saída de uma ligeira esquerda (formada por uma ligeira elevação). Deste modo o Subaru entrou em derrapagem indo a roda traseira direita embater numa raiz localizada na berma da estrada. O impacto daí resultante foi suficiente para que o carro saísse de estrada e capotasse, mas ficando com as quatro rodas assentes no chão. Assim Marcus continuou na classificativa visto os danos no carro serem mínimos, mas passados 5 km o motor do Impreza WRC sobreaqueceu (devido á ruptura do radiador) forçando o piloto Finlandês a abandonar a participação na prova Portuguesa.
Também Sébastien Ogier (Citröen C4 WRC) saiu de estrada e quebrou o braço da direcção, o que obrigou o Francês a desistir de continuar a percorrer as especiais deste dia (regressou á prova no dia seguinte em “super rally”). Quanto ao PWRC, Armindo Araújo continuava a ser o melhor Português, mas nesta classificativa perdeu a liderança deste campeonato para Patrik Flodin (Subaru Impreza WRX STi N14).
Seguia-se Almodôvar I (SS9), o troço com maior comprimento de todo o rally. Ao ser um troço bastante rápido (e longo), os pilotos tinham que efectuar as travagens para as curvas mais fortemente. Assim, os primeiros carros a passar tinham de começar a travar mais cedo devido á gravilha solta, perdendo bastantes segundos ao longo da classificativa para quem entrava na especial mais tarde.
Tendo isto em conta, Loeb (3º a partir) continuou a ser o mais rápido seguindo-se-lhe o seu colega de equipa Dani Sordo. Ao registar o 3º tempo, Mikko Hirvonen não conseguiu manter-se mais no 1º lugar da geral, perdendo-o para Sébastien Loeb. Relativamente aos Portugueses, tinham como melhor representante Armindo Araújo que continuava a ocupar o 2º lugar no PWRC (12ª posição na geral).
Esta primeira passagem por Almodôvar ficaria marcada pela saída de estrada de Yoann Bonato (Susuki Swift S1600). Apesar de nada ter acontecido ao piloto e respectivo navegador, o despiste do carro apanhou um fotógrafo que se encontrava numa zona interdita. Ao ser atingido, o repórter teve que receber tratamento médico sendo necessário a entrada de uma ambulância na especial, obrigando á neutralização desta (a partir do carro nº 89). A vítima foi transportada até ao Hospital de Faro de helicóptero aonde lhe foi diagnosticado várias fracturas mas sem grande gravidade.
A próxima classificativa era a de Vascão I (SS10), a última da manhã, onde Loeb foi novamente o mais rápido. Mikko Hirvonen voltou a registar o 2º melhor tempo, mantendo essa mesma posição na prova. O Espanhol Dani Sordo ocupava o 3º lugar na geral. Destaque para o Norueguês Petter Solberg (Citröen Xsara WRC 2006) que, apesar do seu carro não estar tão evoluído como os seus mais directos adversários, possuía um bom andamento, como o 4º lugar na geral demonstrava. Relativamente ao PWRC, Patrik Flodin comandava seguido de Armindo Araújo, o melhor Português.
Após esta classificativa, os pilotos rumavam ao Parque das Cidades para 30 minutos de assistência. Tal como no dia anterior, factores como a rigidez dos amortecedores e a altura do carro ao solo eram muito importantes nas segundas passagens pois as classificativas já apresentavam as trajectórias bem definidas além dos troços estarem bastante mais abrasivos.
Ás 14h50m dava-se início á classificativa de Santa-Clara II (SS11), e, tal como se passou na tarde do dia anterior, a estrada por estar mais “limpa” permitiu a melhoria dos tempos face ao período matinal. Tal como na primeira passagem, Loeb assinou o melhor tempo seguido de Hirvonen e de Sordo, não se verificando assim alterações na classificação geral. Também no PWRC não havia mudanças com Flodin em 1º e Armindo Araújo em 2º (melhor Português).
A classificativa seguinte era Almodôvar II (SS12). Dado já não ter a camada de pedra mais solta que se encontrava na parte da manhã, esta especial encontrava-se muito abrasiva para com os pneus dos carros, fundamentalmente devido á necessidade de travar forte após as rectas em que se atingiam grandes velocidades. Deste modo Hirvonen rubricava apenas o 4º tempo, numa atitude de salvaguardar os pneus para que não furassem, perdendo assim bastante tempo para Sébastien Loeb. Dani Sordo e Petter Solberg fizeram, respectivamente, o 2º e 3º tempos, nada sendo alterado na classificação geral.
No PWRC, Patrik Flodin era obrigado a desistir. Ao chegar a uma curva para a direita com uma trajectória demasiada larga, o carro entrou na berma e o piloto não conseguiu evitar que o seu carro capotasse, tendo ambos os ocupantes saído ilesos. Assim Armindo Araújo via-se na primeira posição deste campeonato para o qual pontua.
A seguir a esta classificativa, o troço de ligação entre Almodôvar e Vascão era protagonista de um grave acidente entre a dupla Holandesa da Ipatec Racing (em Ford Focus) e uma pick-up. Dada a violência do embate, registou-se 6 feridos, 5 deles ligeiros. O que se encontrava em estado mais grave era o navegador do Focus WRC Erwin Berkhof que, ao embater com a cabeça, contraiu um traumatismo craniano, sendo necessário o seu transporte por helicóptero para o hospital Santa Maria (em Lisboa) dado o seu estado clínico apresentar alguma gravidade. Apesar das suspeitas mais receosas, o navegador acabou por recuperar rapidamente.
A última classificativa do dia era a de Vascão II (SS13). Tal como no dia anterior, a ordem de partida do dia seguinte era definido pelas posições que os pilotos ocupavam na geral. Dado que Loeb desde do período matinal liderava a prova, este não abrandou o seu ritmo visto que as especiais do dia seguinte não serem tão importantes como ganhar vantagem face a Mikko Hirvonen. Tendo esta situação em conta, as equipas não entraram em “tácticas” como aquelas a que se assistia no dia anterior.
Sébastien Loeb era assim o mais rápido nesta classificativa, sendo seguido pelo seu colega de equipa Dani Sordo. Hirvonen voltava a perder mais alguns segundos (3º neste troço) para Loeb mantendo-se á mesma na 2ª posição da geral. Comandando a prova, o Francês da Citröen tinha assim uma diferença de 26,8 segundos para o piloto da Ford.
Quanto aos Portugueses, Armindo Araújo continuava na liderança do PWRC, registando ao final do dia o 12º lugar na geral. Tal como aconteceu no dia anterior, o Português viu novamente os pilotos mais fortes neste campeonato desistirem ou sofrerem atrasos, abrindo fortes possibilidades ao piloto do Mitsubishi de conquistar a prova nacional.
Relativamente ao JWRC, Michal Kosciuszko continuava a liderar este campeonato sendo o 16º na geral.
Terminada a última especial do dia, os pilotos regressavam ao centro operacional do rally (no Parque das Cidades) aonde dispunham de 45 minutos de parque de assistência. Repetindo o que se passou no dia anterior, depois da assistência os carros eram novamente estacionados no parque fechado aonde pernoitavam até á manhã seguinte.
Domingo, 5 de Abril, era o último dia do Rally de Portugal. Este dia era composto por três troços, sendo os dois primeiros percorridos por duas vezes: Loulé (22,65 km), São Brás de Alportel (16,23 km) e a super especial do estádio Algarve (2,21 km). Tal como nos dias anteriores, os concorrentes antes de deixarem o complexo do Parque das Cidades dispunham de 15 minutos de assistência para ultimarem os preparativos dos seus carros para a primeiras passagens.
A primeira classificativa do dia era Loulé I (SS14) que se iniciava bastante cedo, ás 07h50m, visto que os pilotos regressavam ao parque de assistência após as duas primeiras especiais. Loeb era o primeiro na estrada e, se nos dias anteriores isso podia-se considerar um problema, neste início de dia podia ser uma (ligeira) vantagem face a quem entrava na especial mais tarde. O Francês encontrava a estrada por “limpar” mas ao passar, devido á hora a que se realizava a classificativa, o pó que o Citröen levantava mantinha-se no ar por mais tempo do que nas classificativas dos dias anteriores.
Deste modo, Loeb era o mais rápido sendo seguido por Mikko Hirvonen que, tal como Dani Sordo (que registava o 3º tempo), encontrou dificuldades de visibilidade devido á presença de pó no ar. No PWRC, Armindo Araújo continuava a liderar sendo o melhor Português em prova ao se encontrar na 12ª posição da geral. Menos sorte teve o Português Ricardo Moura (Mitsubishi Lancer Evolution IX), o segundo convidado a realizar a prova para o campeonato PWRC (depois de Bruno Magalhães), quando problemas mecânicos no seu carro forçaram o piloto a desistir de prova.
São Brás de Alportel I (SS15) era o troço que se seguia. Aqui, tal como na classificativa antecedente, Loeb fez o melhor tempo seguido por Hirvonen. Assim, ao chegar ao Parque das Cidades, o Francês da Citröen era o comandante da prova com Hirvonen em segundo. Armindo Araújo também se mantinha na liderança do PWRC com uma diferença para o segundo classificado bastante elevada.
Esta primeira passagem em São Brás de Alportel ficava marcada pela desistência do Russo Evgeny Novikov (Citröen C4 WRC). O piloto da Citröen Junior Team não evitou a saída em frente após o braço da direcção ter-se quebrado, tendo ambos os ocupantes saído ilesos. Novikov aquando da saída de estrada ocupava o 7º lugar na geral.
Após estas duas especiais os concorrentes viajavam de novo até ao parque de assistência onde os mecânicos dispunham de 30 minutos para trabalhar nos carros.
Ás 11h16m iniciava-se a classificativa de Loulé II (SS16). Hirvonen demonstrou um andamento bastante rápido, rubricado o melhor tempo neste troço, mas continuava á mesma na 2ª posição da geral. Já Sébastien Loeb só conseguiu efectuar a 4ª posição nesta classificativa (era o 1º a partir) mas mantinha-se a liderar a prova.
Relativamente aos Portugueses, Armindo Araújo continuava em 1º no PWRC. Visto que o seu mais directo adversário encontrava-se a aproximadamente a 1m30s, o piloto Português vinha a realizar um final de prova com maior prudência e calma, numa atitude de garantir a primeira posição deste campeonato.
A especial seguinte era a de São Brás de Alportel II (SS17). Novamente Mikko Hirvonen era o piloto mais rápido mas desta vez Sébastien Loeb assinou o 2º melhor tempo no troço. Deste modo Loeb mantinha, na chegada á super especial do estádio Algarve, uma vantagem de 24 segundos sobre Hirvonen, sendo praticamente impossível ao piloto da Ford conseguir recuperar esse tempo. Os Portugueses continuavam a possuir como melhor representante Armindo Araújo que levava até á última especial do rally a liderança do PWRC (estando á saída desta classificativa em 9º da geral).
Este último troço do rally nas estradas de gravilha ficou marcado por dois despistes, o primeiro envolvendo Matthew Wilson (Ford Focus RS WRC 2008). Depois de ficar sem travões (desde o início do troço), o Britânico da Ford foi forçado a utilizar o travão de mão para efectuar uma curva á direita após uma zona rápida. Apesar do esforço do piloto, não evitou que o carro entrasse em despiste e capotasse (a uma velocidade bastante reduzida), tendo o veículo ficado apoiado sobre o lado direito (sem que nada acontecesse ao piloto ou navegador). Contando com o apoio dos espectadores, o piloto conseguiu colocar o veículo de novo com as rodas assentes no chão e, com esse mesmo apoio, visto o local aonde saiu de estrada possuir uma pequena elevação, regressou á classificativa. Apesar de ter prosseguido, o esforço que o piloto fez para sair dessa elevação foi demasiado forte para a caixa de velocidades, obrigando assim o piloto a desistir devido á quebra desta.
Conrad Rautenbach (Citröen C4 WRC) foi o outro protagonista de despiste nesta classificativa, curiosamente no mesmo local aonde Matthew Wilson saiu de estrada. O piloto da Citröen chegou a esta curva com demasiada velocidade e, ao travar, não evitou que o C4 WRC deslizasse em frente. Também ele capotou (a baixa velocidade) mas o carro ficou com as rodas assentes no chão, permitindo ao piloto tentar regressar á classificativa. Os espectadores tentaram ajudar o piloto sair daquela situação mas a forte e densa vegetação e o terreno irregular não facilitavam a tarefa, de tal modo que o carro começou a sobreaquecer. Deste sobreaquecimento resultou um pequeno foco de incêndio que em poucos instantes tomou todo o carro perante a assistência incrédula do piloto e seu navegador. Deste modo a classificativa foi anulada (a partir do carro nº 87) visto que foi necessária a intervenção dos bombeiros para puderem extinguir o incêndio (que entretanto se alastrou á vegetação envolvente).
Terminada as classificativas da manhã, os concorrentes dispunham de mais 10 minutos de assistência. Este parque de assistência visava, fundamentalmente, alterar as afinações dos carros para o último troço do rally, troço esse realizado dentro do estádio Algarve cujas características eram bastante diferentes do resto da prova (possuía uma menor extensão e constituído por alcatrão).
Tal como no primeiro dia do rally, o estádio do Algarve recebeu variadas actividades antes da entrada dos concorrentes na super especial. Voltou-se a repetir o torneio de automóveis clássicos, bem como o regresso do monolugar de Álvaro Parente, entre outras exibições. Novamente foram muitos os fãs deste desporto automóvel que se deslocaram até ao estádio Algarve, formando uma boa “enchente” nas bancadas.
Ás 14h00m dava-se início á super especial do estádio Algarve (SS18), a classificativa que encerrava o Rally de Portugal 2009. No campeonato para pilotos juniores (JWRC), Michal Kosciuszko dominou toda a prova visto ter chegado ao 1º lugar no início do 2º dia e nunca mais ter saído desse posto. Com uma vantagem de aproximadamente 5 minutos, esta última especial foi a consagração da conquista da prova para o piloto Polaco.
Antes dos vários concorrentes do WRC, era a vez dos pilotos do mundial de produção (PWRC) entrar no estádio Algarve. Armindo Araújo foi recebido com uma enorme recepção por parte do público já que, se nada de errado acontecesse, o Português iria ganhar a prova nacional para o campeonato em que participa já que apresentava cerca de 1 minuto sobre o seu mais directo adversário, Eyvind Brynildsen (Mitsubishi Lancer Evolution IX).
Assim esta última classificativa foi percorrida num ritmo bastante cauteloso mas, como repetição dos dias anteriores em que acontecia sempre algo aos adversários mais directos, também Brynildsen teve problemas. Este perdia assim, não só o duelo da super especial para o Português, como deixava Martin Prokop (Mitsubishi Lancer Evolution IX) subir ao segundo posto. Armindo Araújo era então 1º no final da prova perante um público bastante entusiasmado com a vitória do Português, tendo o piloto do Mitsubishi ascendendo com esta vitória á 1ª posição do PWRC.
No WRC os pilotos tinham os seus lugares praticamente assegurados visto a diferença entre estes ser bastante substancial. Porém, a diferença entre 1º (Loeb) e 2º (Hirvonen) era de 24 segundos, bastando ao Francês um deslize mais grave para que o piloto da Ford ocupasse a liderança da prova. Apesar da pressão, Loeb conseguiu manter-se na 1ª posição da geral, ganhando até o duelo com Finlandês nesta super especial. O melhor tempo nesta classificativa era o de Henning Solberg tal como se tinha registado no início do rally.
Após a realização da super especial, era a vez do entregar os prémios aos vencedores. Michal Kosciuszko recebia o prémio como melhor piloto junior.
Armindo Araújo era consagrado como 1º nos carros de produção, com uma enorme ovação por parte do público visto também ele ser o melhor Português em prova, ainda para mais ganhando uma prova que contava para o mundial da especialidade.
Sébastien Loeb era assim o grande vencedor da 43ª edição do Rally de Portugal. Mikko Hirvonen era o segundo classificado a 24.3 segundos de Loeb com a 3ª posição final a ficar para Dani Sordo a 1m45s do seu colega de equipa.
De salientar que ao longo destes dias foram muitos os espectadores que se deslocaram até á serra Algarvia para assistir á passagem dos concorrentes. Assim as Z. E. (zonas espectáculo) registaram boas “enchentes” criando uma bonita moldura humana ao longo de todas as classificativas. Na rally village também se verificava a participação do público no incentivo aos pilotos além dos espectadores poderem assistirem ao trabalho nos carros por parte dos mecânicos.
Com base no que foi feito para garantir a máxima comodidade aos concorrentes e respectivas equipas, a prova nacional registou vários elogios por parte das entidades responsáveis por este campeonato e pelas próprias equipas que participavam no evento. A FIA (Federação Internacional do Automóvel) atribuiu assim nota positiva á organização Portuguesa que teve no ACP o organismo responsável pelo sucesso da prova. Também um factor em conta para a atribuição de uma boa cotação ao Rally de Portugal foi a maneira como os incidentes foram resolvidos. Além da rápida intervenção dos elementos responsáveis pela segurança e pelo auxílio, não foram poupados esforços para prestar a melhor assistência possível a todos aqueles que foram protagonistas nas ocorrências.

Pessoalmente acho que este Vodafone Rally de Portugal 2009 teve uma boa organização e foi muito bem realizado. Porém alguns aspectos deveriam ter sido alterados de forma a possibilitar um maior envolvimento por parte dos adeptos.
O aspecto mais importante que a meu ver o ACP deveria ter em atenção era o acesso do público á rally village. O acesso em questão era feito junto á entrada do parque dos concorrentes do PWRC (e outros), perto da praça sul do estádio Algarve. Em a 2007 (no WRC) e 2008 (no IRC), essa mesma entrada era feita na avenida principal de acesso ao estádio, localizada na parte poente do Parque das Cidades. Assim, esta nova entrada obrigava a quem chegasse ao Parque das Cidades pelos parques de estacionamento ter que percorrer toda a extensão do parque dos concorrentes não-WRC pelo seu perímetro exterior.
Não bastando este inconveniente, quem quisesse aceder á rally village (do WRC) tinha ainda que ultrapassar um pequeno ribeiro, tarefa essa possível devido á presença de escadas mas cujas dimensões se revelaram demasiado pequenas para o fluxo de pessoas. Todas estas alterações visavam uma maior segurança do público em relação aos carros dos participantes mas em certos casos essa medida foi tomada com demasiada preocupação por parte da entidade organizadora. Em comparação com 2007, o acesso ás tendas dos concorrentes do WRC estava assim muito mais restritivo. Na minha opinião este foi o único factor menos conseguido pelo ACP.
De resto, e tendo como base de comparação a edição de 2007, também se verificou algumas alterações a nível das classificativas. A alteração que para mim foi a mais significativa foi a proibição de permanência junto aos inícios de classificativa, pelo menos a nível da classificativa de Ourique. Deste modo não era possível assistir á partida dos concorrentes como acontecia em 2007, restringindo-se mais uma vez os movimento dos adeptos. Porém, a meu ver, esta foi uma aplicação de maior utilidade visto que neste caso essa mesma permissão provocava um enorme perigo não só para quem estava a assistir ao evento mas também para quem passava no IC1. Além destas situações, todo o resto foi muito agradável.
De referir que a nível pessoal as semanas antes da prova foram os melhores momentos de todo o evento. Além da forte proximidade que se podia ter com as tendas das equipas localizadas no parque do WRC (não possível durante a prova devido ao acesso restrito), podia-se ter também um maior contacto com os pilotos. A título de exemplo, Marcus Grönholm assim que regressou dos reconhecimentos satisfez um conjunto de admiradores que estavam á sua espera com fotografias e autógrafos.
Mas o que mais apreciei foi a possibilidade de poder ver os mecânicos prepararem os carros para a prova. Na tenda da Prodrive foi possível ver como é feito o Impreza WRC 2008: desde da montagem de suspensões a afinações de set-up's de motor, vi como se trabalha no carro e como este é constituído. Acompanhei todo o processo de montagem dos dois carros (o de Marcus Grönholm e o de Mads Østberg) ao longo da semana antes do rally e, como adepto da Subaru, fiquei bastante agradado já que nunca tinha visto um Impreza WRC a ser montado tão perto de mim. O barulho do motor também me marcou bastante já que nunca tive a oportunidade de poder o ouvir tão detalhadamente. Por exemplo, o sistema de anti atraso de resposta do turbo (“anti-lag”) ouvia-se perfeitamente assim como o engrenar das mudanças.
Tal como já referi, tive a oportunidade de acompanhar a montagem dos Impreza WRC e foi nessa situação que aconteceu o (melhor) “momento” de todo o rally: a possibilidade de ver o interior do Impreza WRC 2008 que Mads Østberg conduz. Para quem é admirador de desporto automóvel (e de automóveis no geral) a possibilidade de ver o interior de um carro que marcou toda uma geração e moveu multidões á sua volta é realmente algo inesquecível. Como grande fã do Impreza estes instantes marcaram-me imenso pois é sem dúvida o expoente máximo da evolução desta lenda. Só quem gosta tanto deste automóvel como eu consegue perceber o tão importante foi esta experiência que não consigo exprimir correctamente.
Infelizmente toda esta euforia em torno do regresso dos Impreza WRC a Portugal teve um desfecho infeliz com a desistência de Grönholm, mas só o assistir á passagem deste piloto na especial de Ourique I e vê-lo arrancar do início de Ourique II valeu a pena. Porém Mads Østberg também estava a conduzir um Subaru e ao chegar ao final da prova em 6º, o melhor resultado do piloto Norueguês até á data, de certa forma “compensou” a desistência de Grönholm.
Também pensava que este carro (Impreza WRC 2008) seria demasiado “normal” visto ser um 5 portas mas, quando o vi pela primeira vez, fiquei bastante surpreendido pela positiva pois o impacto visual que possuía era muito superior ao que estava á espera. Relativamente ao carro de Marcus Grönholm, ao ter como cor base o branco, o carro ficava muito imponente pois o conjunto grelha-faróis e parte inferior do pará-choques dianteiro de cor escura (contrastando com a pintura), os alargamentos da carroçaria além de outras características, realçava os pontos mais agressivos do carro. O carro da Adapta AS também possuía agressividade mas era de uma forma mais subtil face ao outro Subaru WRC. Comum aos dois era as jantes raiadas (9 braços duplos) BBS com medida 16'' (polegadas) de cor dourada (cor que acompanha os modelos de competição da marca nipónica) que faziam conjunto com pneus Pirelli. Com uma altura ao solo bastante elevada e com este conjunto jante/pneu (em que os pneus tinham uma largura bastante elevada e um enorme rasto), estes Subarus estavam incrivelmente agressivos pois assim transmitiam a ideia de um verdadeiro carro de rally.
Em termos do evento em si, destaque para as classificativas que assisti. No 1º dia estive no estádio Algarve e foi bastante agradável poder assistir aos vários duelos que lá se realizaram sobretudo devido ás excelentes condições, não só de visibilidade, mas também de infraestruturas.
Neste 1º dia o natural destaque vai para o regresso de Marcus Grönholm já que este trouxe também o regresso de um Subaru Impreza WRC (mais um depois do de Mads) ao nosso país. Assim, a vitória de Marcus Grönholm no duelo com Khalid Al Qassimi (Ford Focus RS WRC 2008) foi o melhor do dia de estreia do rally. Momentos antes Mads Østberg também ganhava o duelo com Evgeny Novikov demonstrando também um bom andamento.
No 2º dia viajei até ao troço de Ourique aonde assisti, no período matinal, á passagem dos concorrentes na classificativa num sítio fora de uma Z. E. Além de ter percorrido cerca de 1 km a pé, esse mesmo sítio não oferecia nenhuma visibilidade para o troço, só se destacando a proximidade ao trilho de passagem dos pilotos (proximidade essa que era a suficiente para manter uma margem de segurança). De todo o rally talvez este tenha sido os piores momentos já que além da fraca visibilidade para o troço, a poeira que os carros levantavam era tanta que me obrigava a ter que percorrer alguns metros para longe da estrada para evitar o contacto com o pó. Não bastando tudo isto, também a ausência de um banco para poder descansar as pernas era bastante penoso.
Mas, apesar de todos estes inconvenientes, foi muito compensativo poder assistir á passagem dos concorrentes. Destes, Latvala conseguiu distingir-se, apesar de pilotos como Hirvonen, Loeb ou Grönholm andarem também muito bem. A razão pela a qual Latvala chamou-me a atenção foi a maneira como passou no sítio aonde estava: o Focus WRC pura e simplesmente passou de uma maneira tão rápida e audível que foi possível perceber que, naquele espaço do troço, o piloto Finlandês deve ter feito o melhor tempo. Mas essa passagem não foi só eficaz como também foi a mais espectacular dado a maneira do piloto conduzir o Focus WRC de forma tão rápida.
Após o período matinal dirigi-me ao início do troço onde tive a oportunidade de ver a partida dos pilotos para a classificativa de Ourique II. Mas para poder assistir a essa partida tive que, novamente, aceder a sítios de acesso bastante restrito, neste caso uma encosta situada no lado oposto ao do início do troço. Mas, tal como na manhã, esse esforço era compensado com a oportunidade de poder ver os carros dos concorrentes na linha de partida. Assim ouvir os carros do WRC a fundo é bastante gratificante para quem gosta bastante deste desporto automóvel.
De saída deste troço, consegui acompanhar (na medida do possível) o progresso do Impreza de Grönholm ao longo da tarde. Deste modo a viagem pelo IC1, o principal itinerário de ligação entre as várias classificativas, foi repleto de paragens para poder contemplar a entrada/saída do Subaru no acesso ás estradas de ligação para as especiais.
Enquanto regressava para o Parque das Cidades, tive ainda a possibilidade de na auto estrada seguir o safety car 0, um bonito Subaru Impreza WRX STi de cor branca que cativou logo toda a minha atenção nos dias antes do evento.
Infelizmente aquando do tempo de assistência no final do dia, algumas individualidades públicas tiveram uma atitude bastante lamentável em frente ás tendas da Prodrive pois, apesar das sucessivas chamadas de atenção por parte daqueles que estavam na zona de acesso não restrito (zona pública), mantiveram-se entre essa zona dos adeptos e a tenda de assistência, bloqueando a visão para o parque da Prodrive. É certo que a presença de Grönholm neste rally atraiu uma enorme quantidade de pessoas com estatuto de entidades públicas mas, devido a esse estatuto, essas mesmas pessoas deviam dar o exemplo e desviarem-se para que simples adeptos que não têm possibilidade de assistir mais vezes a este tipo de eventos pudessem observar o trabalho dos mecânicos.
No terceiro dia mantive-me no Parque das Cidades pois a deslocação do dia anterior desgastou-me imenso, daí esta opção de ter ficado pelo parque de assistência (somente a partir do período da tarde). Novamente tive a oportunidade de estar junto ás tendas da Prodrive para poder assistir aos trabalhos dos mecânicos. Neste espaço consegui ver em muito boas condições (visto haver pouca afluência a este espaço) a tentativa de recuperação do Impreza WRC de Grönholm depois do despiste que o piloto protagonizou de manhã. Apesar do trabalho realizado pelos mecânicos, mesmo com um novo radiador pronto a ser montado e os danos na carroçaria não afectarem as condições de circulação do veículo, o regresso do carro á prova não se concretizou devido aos danos no motor serem demasiados extensos, acabando assim (com muita pena minha) as esperanças de ver novamente o Impreza WRC a competir no evento.
Mas se na primeira tenda o trabalho no Impreza WRC estava (infelizmente) acabado, na tenda da Adapta AS era tempo de preparar a recepção ao WRC de Mads Østberg. No fim do dia os concorrentes disponham de 45 minutos de parque de assistência, tempo esse que, tal como no dia anterior, tive a oportunidade de assistir na totalidade. Notável e de salientar é a eficiência e eficácia dos mecânicos pois num espaço de tempo reduzido, conseguem efectuar trocas de elementos mecânicos que, em condições normais, demorariam talvez o dobro do tempo. Certamente a concepção desses mesmos elementos têm em conta a rapidez e simplicidade da operação de substituição da peça em causa, mas mesmo assim é de louvar o trabalho realizado no parque da Prodrive.
No último dia cheguei por volta das 10h00m ao Parque das Cidades. A essa hora tive a oportunidade de assistir ao processo de reabastecimentos de alguns concorrentes, bem como a marcação dos pneus que os pilotos iriam utilizar nas classificativas.
Porém o natural destaque era a super especial do estádio Algarve, a última classificativa da prova. Mais uma vez as cómodas bancadas receberam os adeptos que criaram um ambiente bastante festivo, já que o evento estava a ser muito bem realizado com um bom nível de competitividade entre os principais pilotos. Antes do início da classificativa, as actividades como o torneio de carros clássicos ou a exibição de freestyle ajudaram a criar esse mesmo ambiente.
Os melhores momentos que tenho a destacar deste dia foram aqueles em que Armindo Araújo entrou no estádio Algarve. Visto estar prestes a conquistar a vitória na prova (em termos de PWRC), os adeptos (Portugueses) fizeram questão de exprimir todo o seu apoio ao piloto, elevando ao rubro a festa que se vivia ao longo deste último troço. Assim, após terminar a sua prova, praticamente todos os Portugueses que se encontravam no estádio do Algarve levantaram-se e ovacionaram o piloto do Mitsubishi. Estes instantes, bem como o momento da entrega do troféu de vencedor da prova no PWRC, foram os que mais me marcaram no estádio Algarve pois não é muito frequente (infelizmente) um Português conquistar uma prova do mundial, ainda por cima no seu país natal, dando este facto uma enorme ênfase á celebração.
Fornecendo a minha opinião pessoal em termos desportivos, o evento fica marcado pelo (monótono) domínio de Loeb. Além de ter ganho todas as provas do mundial antes da prova nacional, assim que ocupou a 1ª posição na geral, não mais saiu de lá. Apesar disto, a luta com Hirvonen até foi mais disputada de que nos eventos transactos ao Rally de Portugal, podendo-se referir que bastava um pequeno erro a Loeb e Hirvonen conseguiria conquistar a vitória.
Latvala talvez se não tivesse o despiste no final do período matinal do 2º dia seguramente iria estar presente nos mais rápidos no final de prova, quem sabe até, na luta directa com Loeb. Para mim em termos de WRC foi o piloto que mais me surpreendeu visto que até ao despiste estava na 1º posição na prova e efectuar excelentes tempos.
Já Grönholm desiludiu-me um pouco pois, apesar de estar afastado ao nível da competição profissional á muito tempo, não conseguiu acabar a prova. O piloto teve somente três dias de adaptação a este carro que nunca conduziu e, pormenores como o facto de a última temporada que efectuou os pneus estarem equipados com mousse anti-furo, determinaram o resultado do Finlandês. Por exemplo, nas últimas classificativas do 2º dia, o piloto estava a reduzir bastante o andamento pois (segundo o próprio) não queria gastar excessivamente os pneus e provocar um furo. Claro que não é fácil regressar á competição de alto nível após algum tempo parado mas o próprio despiste foi causado por um excesso, mas um excesso que demonstrava que o piloto estava a tentar andar rápido. O facto de ter ocupado os primeiros lugares da geral nas classificativas do 2º dia indicavam que o piloto até poderia fazer frente aos pilotos que percorrem o campeonato com as equipas oficias. Não refiro que pudesse enfrentar Loeb (ou Hirvonen), mas estou certo que se acabasse a prova, o Finlandês da Subaru talvez alcançasse um lugar no pódio.
Outro aspecto que foi agradável de acompanhar ao longo de todo o evento foi o desempenho de Armindo Araújo. É certo que o Português teve a sorte do seu lado visto os mais directos adversários terem desistido ou não terem terminado a prova nos lugares cimeiros, mas este facto não lhe retira o mérito pois já na prova anterior ao Rally de Portugal o piloto liderou todo o agrupamento de produção e, infelizmente, só perdeu o 1º lugar na última classificativa. Assim foi com uma notoriedade bastante elevada que Araújo disputou as especiais do evento, trazendo ás Z.'s E.'s (principalmente) um enorme apoio ao piloto que representa as cores de Portugal.
A atmosfera que se vivia em torno da participação de Armindo era enorme. A título de exemplo, eram muitas as pessoas que se aglomeravam na tenda de assistência da Mitsubishi Itália (responsável pela preparação e assistência ao carro) em busca de autógrafos e fotografias ou só para dar umas palavras de incentivo ao piloto. Tive a oportunidade de assistir no final do 3º dia ao tempo de assistência do concorrente e o clima que se lá vivia era muito efusivo, com muitas pessoas a dar os parabéns ao piloto (recorde-se que estava na 1ª posição e a entrar no último dia de prova) e a desejar-lhe muita sorte.
Um último destaque para o espectáculo que os pilotos forneceram e que permitiram um elevado nível de satisfação a todos aqueles que acompanharam de perto o desempenho dos concorrentes. Assim este evento foi uma grande celebração do desporto automóvel em que todos (desde os espectadores aos mecânicos, passando pelos pilotos) merecem uma palavra de apreciação já que permitiram-me excelentes momentos de diversão e de satisfação pessoal.
Uma palavra de agradecimento também ao ACP visto que, apesar de (algumas) soluções não tão bem conseguidas como em anos transactos, desenvolveu uma excelente estrutura que proporcionou vários dias de festa e celebração automóvel. Além de ter conseguido o regresso do mundial de rallys, o clube Português contribui também para o regresso de Marcus Grönholm e, ainda para mais, conduzindo um Subaru Impreza WRC, um acontecimento único (até á data) depois da saída da equipa oficial, trazendo ainda mais emoção ao evento.
Um último agradecimento (especial) a toda a equipa da Prodrive e da Adapta AS pois permitiram-me obter fotografias únicas do interior do Impreza de Mads e do Impreza safety car, além de proporcionarem excelentes momentos a todos os fãs da Subaru, momentos esses mágicos e divinais como aqueles em que foi possível assistir aquando das montagens dos WRC's. O meu muito obrigado!

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